31 de jul. de 2009

O jornalismo, a academia e o STF

Ontem, quinta-feira, por ocasião da reunião de colegiado do Curso de Jornalismo da Unisinos, onde também leciono, para além das questões de natureza curricular, tivemos uma palestra muito esclarecedora, que está sintetizada no texto O jornalismo, a academia e o Supremo Tribunal Federal, redigido por Wilson Engelmann.

Engelmann, doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Unisinos e professor no mesmo programa, entre outros, discorreu a respeito da decisão tomada pelo STF de tirar a legitimidade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Aos meus olhos, uma análise muito interessante, porque embasada e com ênfase na formação acadêmica, a respeito do assunto.

Reproduzo, abaixo, por relevante, um trecho:

"Estamos empobrecendo e desqualificando o exercício profissional do jornalista. Não se pode pretender que ele seja um rábula, que aprenda sozinho, ou mesmo um autodidata. O estudo sistematizado, organizado e disciplinado é a melhor fórmula para a qualificação de qualquer profissional.

O Brasil precisa se preocupar com este aspecto. Não poderá ser aceito o argumento de que algumas pessoas “iluminadas” que se auto-intitulam “jornalistas” possam receber a benesses semelhantes àqueles que dedicam vários anos de sua vida para uma formação profissional.

Para sairmos da categoria de um país em desenvolvimento precisamos cada vez mais de profissionais qualificados e bem formados. Portanto, ao contrário do decidido e fundamento pelo Min. Relator, o princípio da proporcionalidade antes de confirmar a sua tese, se adequada e integralmente examinado, aponta para incorreção da sua decisão.

Cumpre observar que o voto do relator examinou a questão somente pelo ângulo da adequação. Assim, a conclusão é falsa, eis que deixou de percorrer todos os caminhos para a aferição do princípio da proporcionalidade".

O texto na íntegra você confere também por aqui.

30 de jul. de 2009

As melhores entrevistas da Rolling Stone


A sugestão de leitura da semana é o livro Rolling Stone: as melhores entrevistas da revista Rolling Stone (LAROUSSE, 2008), cujo nome/importância no cenário jornalístico dispensa apresentações. Bueno, penso que vale a pena pagar os tais R$ 55,90 pelas 445 páginas do livro, mais capa e contra, por vários motivos.

A começar, claro, pelo fato de estarmos falando da Rolling Stone. Mas também porque encontramos, nele, entrevistas com gente do porte de Truman Capote (entrevistado por Andy Warhol); Joni Mitchell (por Cameron Crowe); Tom Wolfe (por Chet Flippo); Spike Lee (por David Braskin), e assim por diante.

As entrevistas ganham mais valor porque são, em sua maioria, de outros tempos, o que nos permite saber, por exemplo, de um Francis Coppola de 1979 falando ao repórter Greil Marcus de Apocalipse Now, um "filme complicado".

A única ressalva é que, na edição, deixaram para trás o lead das entrevistas. Ou seja, os textos partem do título diretamente às perguntas/respostas, o que é ruim sobre vários aspectos. Mas tudo bem. Compre o livro. Leia-o. Vale a pena.

A edição é de Jann Wenner (fundador e editor da Rolling Stone) e Joe Levy (editor-executivo da revista).

28 de jul. de 2009

Olhares diferenciados


Repico, por relevante, post que meu amigo José Afonso Jr, do blog AF de AutoFoco, inseriu no Blog do GJol. Tem a ver com os 40 anos do homem na lua, mas também com aquilo que sempre procuramos trabalhar com nossos alunos em sala de aula (e na vida): o olhar diferenciado; aquele que permite ao jornalista ver o que poucos vêem quando olham na mesma direção. Olhar este que é fruto antes de trabalho que inspiração. A foto, e o texto, falam por si só. A eles, então:

"Olhar uma história inusitada, de um ponto de vista incomum, é um velho recurso do jornalismo que geralmente dá resultados interessantes.

Há 40 anos, David Burnett, hoje com renome, tinha 22 anos e era um jovem fotógrafo free-lancer da Time. Teve a idéia de fazer uma cobertura do lançamento do Apollo 11, de um ângulo e com abordagem diferente.

A proposta era simples: registrar a atmosfera do fato. Um "lado B", já que provavelmente toda a a imprensa estava fotografando exatamente a mesma coisa: o lançamento do foguete. Quem, então, estaria olhando para as pessoas no entorno, o que elas faziam nas horas de expectativa? O que esse material poderia render?

40 anos depois, rever essas fotos é uma deliciosa viagem no tempo. Burnett tinha razão. Hoje, as imagens são um contraponto a tudo o que foi fotografado e agendado sobre o homem na lua. Vale pelo colorido dos anos 1960, pela atmosfera, pelo lado pop da coisa e por que hoje é domingo.

O ensaio está no lens. O blog de fotojornalismo do New York Times".

27 de jul. de 2009

Baguete entrevista brasileiro no Twitter

O site Baguete publicou há pouco, e eu repico neste espaço (fiquei sabendo pelo Twitter - @marcialima), entrevista que Márcia Lima, repórter, realizou com Vitor Lourenço, 21, - designer desde 12 -, que, depois de criar (de forma voluntária) um serviço complementar ao Twitter, foi contratado pela empresa.

Ou seja, o rapaz não apenas se mudou de São Paulo para o Vale do Silício como foi o responsável por melhorar a interface web da ferramenta. Ainda segundo o lead da matéria assinada por Márcia, em visita a Porto Alegre "(...) o designer participou de uma conversa com cerca de 80 entusiastas do Twitter durante o RED Talks".

Reproduzo abaixo dois trechos da entrevista. A matéria completa, com áudio, por aqui.

Como surgiu a oportunidade de trabalhar no Twitter?

Vitor Lourenço: Comecei a trabalhar após construir um serviço chamado FoodFeed, mashup que permite acompanhar e analisar seus hábitos alimentares em uma plataforma que funciona em cima do Twitter.

Depois disso, o CEO do Twitter Evan Willians, encontrou o serviço, ficou muito interessado e então chegou ao meu portifólio. Me convidou para fazer um serviço junto a eles, então me convidou para trabalhar no redesign do site, remotamente a partir de São Paulo, e depois como designer full time da empresa, em San Francisco-EUA.

(...)

Quais foram as contribuições do teu trabalho para o Twitter?
Vitor Lourenço:
Participei do último redesign, em setembro do ano passado, quando criamos uma nova interface cuja prioridade era aprimorar a experiência do usuário e a simplicidade da ferramenta.

Além disso, criei os 12 temas, focados em diferentes tribos, que permitem uma personalização do perfil de cada usuário sem muito esforço. Não trabalhei apenas no design, mas também com programação e desenvolvimento do site.

Somos uma equipe de quase 50 pessoas, a maioria engenheiros trabalhando em escalar o Twitter para novos usuários e criar funcionalidades.

Dentro do setor de engenharia estão os designers, eu e mais dois. Trabalhamos tanto no sentido de projetar melhorar a interface web, como criar novidades e expandir nossas aplicações.

Sempre que pensamos em uma feature nova, devemos estar atentos a como ela poderá afetar o SMS, os clientes de desktop etc. A ideia é sempre manter a compatibilidade com o que já temos.

Um diferencial é que os designers trabalham com código. Estamos envolvidos em todo o processo, desde a concepção de ideias, até análise do usuário, novas implementações".

Manual do foca


Já que a semana será toda ela dedicada à preparação das aulas do semestre (na Unisc e Unisinos se iniciam dia 3), comecemos o dia com uma sugestão de leitura, em especial à moçada que está nos momentos iniciais do curso de jornalismo: Manual do foca - guia de sobrevivência para jornalistas (Contexto, 2008), de Thaïs de Mendonça Jorge.

Tenho utilizado este texto em sala de aula e recomendo, por relevante: rico em informações, nem por isso cansativo (item importante para nossos jovens aprendizes, tão desacostumados a ler o que quer que seja).

Penso que, com o livro, Thaïs alcança seu propósito à medida que consegue ser, de um lado, didádica, - e é aqui que reside o aspecto manual do texto -, enquanto que, de outro, um sujeito que dialoga de forma muito tranqüila com os que estão em dúvida. Leiam o livro. Vejam com seus próprios olhos. Eu recomendo.

O Manual do Foca custa R$ 35,00.

26 de jul. de 2009

A saia justa de Obama


Pra fechar o domingo, reproduzo abaixo, por relevante, entrevista que Rodrigo Lopes, de Zero Hora, fez com Jason Reed, fotógrafo da Reuters. A entrevista diz muito, inclusive sobre o processo de edição em fotografia. Confiram:

"Aos 38 anos, o fotógrafo Jason Reed, da agência de notícias Reuters, já cobriu a tragédia do furacão Katrina, em New Orleans, em 2005, o terremoto que atingiu a região de Gujarat, na Índia, em 2001, e esteve no Afeganistão e no Iraque. Mas nenhuma de suas imagens alcançou tanta repercussão quanto a que ele fez no dia 9 passado, durante a última reunião do G-8, em L’Aquila, na Itália. Ao apontar sua câmera Canon EOS-1 Mk III para os líderes dos países, observou pelo visor Barack Obama, Nicolas Sarkozy e Luiz Inácio Lula da Silva. Fez cerca de cem, talvez 200, imagens naquela manhã sem perceber nada diferente.

Horas depois, o olhar experiente do seu editor captou, dentre tantas fotos, aquela que ganharia o mundo e abriria uma polêmica: o milionésimo segundo em que Obama supostamente olha para o bumbum da brasileira Mayara Rodrigues Tavares. Há seis anos no seleto grupo de fotógrafos que cobrem a Casa Branca, Reed contou a Zero Hora como foi o flagrante:

Zero Hora – Como foi feita a fotografia?
Jason Reed – A foto era apenas mais uma das várias “fotos de família” dos líderes do G-8 reunidos. No final dos dois minutos de tempo que tínhamos para fazer as imagens, todos nós, cerca de cem fotógrafos, voltamos ao centro de imprensa. Entreguei o cartão de memória da máquina com todas as fotos ao nosso editor de Fotografia, Mal Langson, um veterano fotógrafo da Reuters. Mal tem um olhar aguçado e é muito respeitado em nosso meio. Ele olhou todas as milhares de imagens que fizemos, e sua habilidade para fixar o momento é extraordinária. Deixei o cartão de memória com ele e fui fotografar outras dezenas de eventos. Aí recebi uma ligação de Mal, pedindo que o encontrasse. Ele queria me mostrar uma foto. Era uma imagem, uma fração de segundo em uma pequena sequência tirada com a câmera programada para bater 10 fotos por segundo.

ZH – Você percebeu o suposto olhar de Obama para a brasileira?
Jason Reed – Quando eu estava fotografando, não percebi que havia aquele momento entre as cem, 200 imagens que fiz lá. Eu não estava conscientemente observando Obama olhando para Mayara Tavares. Ele estava descendo um degrau, para ficar no mesmo nível de Nicolas Sarkozy. Se o presidente Obama está se movendo para qualquer lugar, tenho minha câmera apontada para ele. Estou sempre esperando qualquer coisa acontecer. Ele pode cair ou tropeçar, absolutamente qualquer coisa pode acontecer, e o meu trabalho é registrar isso.

ZH –
Você viu o vídeo que foi divulgado após a sua foto, em que Obama aparece ajudando uma mulher atrás dele e que, segundo muitos, mostra que ele não estaria olhando para a brasileira? Você acha que o presidente estava mesmo olhando para a Mayara?
Reed – Assisti ao vídeo dezenas de vezes. Mal e eu não tínhamos o luxo do replay e, naquele momento, pensamos que a foto era um inofensivo e até divertido momento que poderia ter algum valor noticioso. A foto foi enviada para a rede de assinantes da Reuters no Brasil e em todo o mundo. Não sabíamos a identidade de Mayara até que alguns clientes mais tarde nos contatarem, perguntando quem era a jovem. Eu voltei a olhar minhas fotos anteriores, na sequência, e vi que ela estava usava um crachá com seu nome. Então, ficou fácil identificá-la.

ZH – Você tem outras fotos daquele exato momento que não foram publicadas?
Reed – Existem apenas uma ou duas imagens daquela sequência em particular, nenhuma capaz de provar exatamente se Obama estava olhando para a jovem.

ZH – Ao olhar pela primeira vez a foto, você pensou que a imagem teria a repercussão que teve?
Reed – Assim que vi a imagem pela primeira vez, na tela do computador de Mal, pensei que isso criaria alguma excitação, mas não a controvérsia que foi criada. Eu acho que foi engraçado, porque foi uma fração de segundo. Espero que Mayara se torne famosa no Brasil por todas as coisas boas que ela tem feito pelo seu país, como participar da cúpula do G-8, e não apenas por causa da publicidade de uma foto.

ZH – Você teve contato com assessores de Obama após a foto? O que eles acharam da imagem?
Reed – Na manhã seguinte, estava um pouco incômodo para mim porque, na madrugada nos EUA e no Brasil, a foto foi vista em todos os lugares. Instantaneamente, tornou-se a foto mais vista e comentada no site Yahoo. O site americano Drudgereport.com a colocou no topo por mais de 24 horas. Eu sabia que esse tipo de fotografia iria me tornar impopular na Casa Branca. Perguntas do tipo “Como você pode tirar aquela foto?” e “Por que você está fazendo nosso presidente parecer tão mau?” me foram feitas. Mas eles continuaram permitindo que eu entrasse no Air Force One com o presidente para a viagem à África. Então, não foi tão mal. Eles são profissionais e sabem que, em uma imprensa livre, não há controle de imagem. Por outro lado, meus colegas estão chamando a imagem de foto do ano. No final do dia, a Reuters podia se orgulhar de ser independente. Nós não respondemos a nenhum governo ou outra organização. Essa foto reflete essa crença."

À caça de tendendências na web

Na foto (CBS Photo Archive - 18.jun.42), O sociólogo Paul Lazarsfeld (à dir.) apresenta para executivo de TV máquina que permitia registrar picos de interesse e desinteresse apontados por espectadores

O caderno + Mais! da Folha de São Paulo deste domingo publica um texto pra lá de relevante nestes dias de redes sociais: à caça de talentos, assinado por Alexandre Hannud Abdo, cientista molecular pela USP, onde concluiu doutorado no Instituto de Física, em colaboração com o departamento de sociologia da Universidade Columbia (EUA), sobre redes complexas e dinâmica de influências sociais. A idéia-chave é discutir o interesse que Google, Yahoo!, Amazon e Microsoft, entre outros, estão demonstrando por cientistas das áreas sociais e exatas para, por meio destes, observar os padrões de comportamento e influência social que se estabelecem nos ambientes de rede.

Um trecho:

"Mas o que querem esses gigantes corporativos e seus cientistas multidisciplinares calcular de nossos e-mails, nossas compras, nossas buscas na internet?

O sucesso duradouro de "O Ponto da Virada" (ed. Sextante), do jornalista Malcolm Gladwell, nos dá uma das respostas: querem achar "os influenciadores". Nesse livro, apresenta-se uma tipologia dos indivíduos segundo sua função e importância na difusão de uma novidade, de um "meme". Este pode ser um hábito, uma atitude, uma tendência de consumo ou uma opinião.

Segundo o livro, alguns indivíduos seriam especiais, responsáveis por definir o alcance das ideias, e sugere-se que, uma vez conquistadas essas pessoas, as demais seguiriam por um efeito de avalanche.

O ponto crítico, o tal do "tipping point" [título original do livro], seria o momento em que o último grão é colocado para iniciar a avalanche, o último indivíduo necessário conquistar desse pequeno grupo para mudar toda a sociedade.

A ideia de que grandes mudanças dependem de convencer poucas pessoas é muito sedutora e desperta o interesse não só de empresas, publicitários e partidos políticos como também de organizações interessadas em difundir informação ou práticas de saúde e cidadania.

Desvendar os influenciadores seria a pedra filosofal da propaganda boca a boca, uma expectativa que, aliada a nossa experiência diária com vídeos de completos desconhecidos atingindo a fama pela internet, cria uma euforia sobre o assunto".

Fiz um PDF tosco da matéria. Por aqui.

Resenha comenta Cultura da Convergência


Recebo, via Twitter (@andrelemos RT @Cibercidade), notícia dando conta que o blog do Grupo de Pesquisas em Cibercidades (GPC) publicará, periodicamente, resenhas produzidas pelos integrantes do grupo.

O primeiro texto é assinado por Luiz Adolfo de Andrade e observa o livro “Cultura da Convergência”, de Henry Jenkins, que coordenada o Programa de Estudos de Mídia Comparada do Massachusets Instituct of Tecnology (MIT) e assina várias trabalhos que investigam a relação entre as midias e a cultura popular.

À medida que novos textos forem publicados, diponibilizarei neste espaço. Abaixo, trecho da resenha.

"Em Cultura da Convergência, Henry Jenkins, propõe um conceito para definir as transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais percebidas no cenário contemporâneo dos meios de comunicação. O autor analisa o fluxo de conteúdo que perpassa múltiplos suportes e mercados midiáticos, considerando o comportamento migratório percebido no público, que oscila entre diversos suportes em busca de novas experiências de entretenimento. Jenkins fundamenta seu argumento em um tripé composto por três conceitos básicos: convergência midiática, inteligência coletiva e cultura participativa. Inteligência coletiva refere-se à nova forma de consumo, que tornou-se um processo conjunto e pode ser considerada uma nova fonte de poder. A expressão cultura participativa, por sua vez, serve para caracterizar o comportamento do consumidor midiático contemporâneo, cada vez mais distante da condição receptor passivo. São pessoas que interagem com um sistema complexo de regras, criado para ser dominado de forma coletiva. Por fim, a ideia de convergência proposta pelo autor não é pautada pelo determinismo tecnológico, mas fundamentada em uma perpectica culturalista. Neste sentido, ao longo das páginas, Jenkins vai articular três noções fundamentais de seu argmento: a convergência midiática como processo cultural e não tecnológico; o modelo da narrativa transmidiática como referencial da noção de convergência; o conceito de economia afetiva, que serve para pensar o comportamento de consumidores e produtores na contemporaneidade".

O texto completo da resenha você confere por aqui.

Prêmio Adelmo Genro Filho inscreve até dia 10


Aviso relevante que me chega por e-mail:

"Vão até o dia 10 de agosto as inscrições para a quarta edição do Prêmio Adelmo Genro Filho de Pesquisa em Jornalismo. A premiação é voltada a trabalhos que tenham sido elaborados durante o ano de 2008 em três categorias: Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado. Uma quarta categoria (Sênior) é atribuída a pesquisadores com reconhecida trajetória no campo do Jornalismo.

O regulamento e a ficha de inscrição estão disponíveis no site da SBPJor, e os trabalhos devem ser enviados para o email premiosbpjor@yahoo.com.br

Entre as novidades deste ano está a composição das comissões avaliadoras por três membros, e a possibilidade de envio de trabalhos de iniciação científica em co-autoria.

Os resultados têm anúncio previsto para 6 de outubro. Os vencedores de cada categoria e seus respectivos orientadores recebem seus diplomas de mérito durante o 7º Encontro Nacional de Pesquisadores de Jornalismo, em novembro em São Paulo".

25 de jul. de 2009

Sobre Renato Russo: o filho da revolução


Bueno, 415 páginas depois, mais capa e contra, eis que é chegada a hora de tecer alguns comentários a respeito do livro Renato Russo: o filho da revolução, do jornalista Carlos Marcelo (Agir, 2009), que acabo de ler. Enumero, abaixo, em primeiro lugar, o que gostei, para, em seguida, tecer algumas críticas. De qualquer sorte, recomendo a biografia, por boa e relevante. O fato de eu ainda hoje gostar demais de Legião Urbana, e de Renato Russo em particular, tem a ver apenas com o que me levou a ler o livro nessas microférias de julho.

DO QUE GOSTEI:

1 Trata-se de uma biografia jornalística que nos permite ver para além da figura do biografado. Ou seja, contextualiza o por que de Renato Russo (ainda) ser Renato Russo. Ne verdade, até a metade do livro Renato Russo é quase um personagem secundário, tamanha a riqueza de dados.
2 Por meio do texto, nos damos conta do que ocorreu nas primeiras décadas de Brasília, em especial na relação dos jovens com esta.
3 A competente pesquisa do autor, com direito a referências bibliográficas, ajuda-nos a entender artistas como Nei Matogrosso e bandas como Paralamas do Sucesso, para ficarmos em dois e para além do que sabemos.
4 É rica em fotos de época e a diagramação, já a partir da capa, é primorosa.
5 Traz detalhes como textos inéditos escritos por Renato Russo desde os tempos do Aborto Elétrico.
6 É bem escrita.
7 etc.

O QUE NÃO GOSTEI

1 No afã de contextualizar bem o mito Renato Russo, em alguns momentos a narrativa parece perder o rumo. Depois retoma, é verdade; mas fica a impressão que faltou um editor aqui e ali.
2 Não sei, mas às vezes o jogo narrativo que se estabelece entre o autor e algumas/letras/momentos de Renato Russo me parece cansativo.
3 Ficou para trás a internação de Renato Russo em uma clínica de desintoxicação; e também a produção deste período, ainda que, lá pelas tantas, ele se diga dependente químico etc.
4 A tão obscura quanto contundente briga entre Legião Urbana e Capital inicial, que foi parar na Justiça, passa batida. Uma referência, mas nada além disso.
5 O trecho dos discos-solo fica rápido demais. Não conta, por exemplo, que Renato Russo esteve na Itália em busca de músicas para compor seu repertório.
6 O livro é caro pra cacete (R$ 59,90)!
7 etc.

Sobre o autor, via site oficial do livro: nascido em João Pessoa (PB), em 1970, o jornalista Carlos Marcelo vive em Brasília desde 1985. Hoje, é editor-executivo do Correio Braziliense. No mesmo jornal, já foi repórter de música e editor do suplemento juvenil X-Tudo e do caderno de cultura. Foi vencedor do Prêmio Esso, em 2005, pela capa “Mais quatro anos... de Bush”. É um dos criadores do programa de rock “Cult 22” e autor da série “A história do rock de Brasília”, publicada na revista ShowBizz, e do livro Nicolas Behr – eu engoli Brasília.

Era isso. Mais que concordar ou discordar, sugiro que você leia o livro. Vale a pena, à revelia de você gostar, ou não, de Legião Urbana.

24 de jul. de 2009

Seu professor está adoecendo

Para quem acha que vida de professor é moleza, aqui vão alguns dados de pesquisa realizada recentemente pelo Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul, o Sinpro/RS. Foram escolhidas professores de 23 instituições, distribuídas em 9 regiões do estado, procurando manter um equilíbrio entre instituições de ensino básico e de ensino superior e entre participantes do sexo feminino e masculino, atingindo um total de 230 entrevistados. Deste total, 31% homens e 69% mulheres. De todas as conclusões, destaco duas: professor precisa ter tempo para ser professor e Professor precisa ter saúde para ser professor.

Abaixo, resumo da pesquisa. É longo, mas vale a pena:

1 Assédio moral (humilhação e constrangimento no trabalho)
As principais fontes de assédio moral no trabalho docente indicadas pelos professores são: alunos (33%), chefes imediatos (31%), chefes superiores (31%), colegas professores (23%), pais de alunos (19%) e demais funcionários (10%).
Merece destaque, ainda, o alto índice de docentes que se sentem pressionados excessivamente no trabalho por chefes superiores (35%), chefes imediatos (32%), alunos (27%), colegas professores (14%) e pais de alunos (14%).

2 Tarefas fora do horário de trabalho:
Essa situação é agravada pelo fato de 70% dos professores sempre ou freqüentemente realizarem tarefas docentes fora de seu horário de trabalho, muitas vezes em prejuízo de seu horário de lazer e descanso. É importante destacar que 74% exercem mais de 8 horas por semana de atividades docentes (preparação, correção, atividades extraclasse) sem remuneração adicional.

3 Condições de saúde

3.1 Em que medida você tem oportunidades de atividade de lazer?
Em relação ao lazer, 38% dos docentes considera ter nada ou muito pouco acesso a oportunidades de lazer, enquanto outros 42% consideram este acesso como mediano e somente 20% dizem ter bom acesso a oportunidades de lazer.

3.2 Faz tratamento com medicamentos e outros procedimentos?
Um alto número de docentes diz fazer tratamento com medicamentos e outros procedimentos, representando quase a metade (49%) dos docentes.

3.3 Apresentou algum problema de saúde física ou mental que foi relacionado ao seu trabalho?
Quando questionados diretamente sobre problemas de saúde física ou mental relacionados ao trabalho, um alto número de docentes (45%) diz já ter apresentado um destes problemas.

3.4 os últimos seis meses, sentiu-se cansado ou esgotado freqüentemente?
A grande maioria dos docentes (78%) apontaram cansaço e esgotamento freqüentes nos últimos seis meses. Nas entrevistas identificamos o início dos períodos letivos, os finais de semestre e o final de ano como momentos onde este cansaço e esgotamento são mais intensos.

3.5 Usa algum medicamento estimulante?

Uma das formas encontradas para combater este cansaço e esgotamento é o uso de medicamentos estimulantes ou tranqüilizantes. Quanto aos medicamentos estimulantes, 17% dos docentes dizem que o utilizam, sendo que destes, quase a metade sem receita médica.

3.6 Usa algum medicamento calmante ou tranqüilizante?

Já 21% dos docentes fazem uso de algum medicamento calmante ou tranqüilizante, sendo a maioria com receita médica.

3.7 Usa algum medicamento antidepressivo?

Um alto número de docentes (20%) diz utilizar medicamento antidepressivo, sendo a maioria com receita médica. É importante correlacionar este dado com o forte índice de assédio moral e pressão no trabalho, fatores que geralmente desencadeiam processos depressivos intensos.

3.8 Nos últimos seis meses, vem apresentando dificuldades de concentração ou de memória?
Os problemas de memória e de sono, bem como sinais de ansiedade e forte tensão foram também relatados durante as entrevistas.

3.9 Nos últimos seis meses, teve dificuldades para dormir?

59% dos entrevistados disseram que usam.

3.10 Usa algum medicamento para auxiliar no sono?
16% disseram que sim; destes; 4% sem receita médica.

3.11 Com que freqüência você sente que não dará conta de todas as coisas que tem que fazer?
É significativo o número de docentes que acreditam que não conseguirão cumprir todas as suas atividades diárias: 42%. Isto pode ser indicativo da reação ao excesso de tarefas cotidianas, associado a um excesso de cobranças por desempenho, que podem levar à sensação de insatisfação ou ineficiência na realização das tarefas cotidianas e do trabalho, e por fim ao esgotamento profissional.

3.12 Nos últimos seis meses, vem percebendo que está irritado, de mau humor ou impaciente?
41% disseram que sempre/freqüentemente; 39%, às vezes; 20%, nunca.

3.13 Nos últimos seis meses, percebe-se preocupado ou ansioso?
54% disseram que freqüentemente; 32%, às vezes.

3.14 Nos últimos seis meses, vem se sentindo triste, infeliz ou deprimido?
Nunca, 38%; às vezes, 33%; sempre, 29%.

3.15 Apresenta algum destes problemas relacionados a questões emocionais ou mentais?
Ansiedade, 33%; estresse, 35%; depressão, 11% e spindrome do pânico, 3%.

3.16 Sentiu dores no corpo após um dia de trabalho nas últimas duas semanas?
71% disseram que sim. A respeito de outras manifestações de problemas de saúde temos como principais a rouquidão e perda de voz (49%), a tendinite e problemas de articulação (44%), as enxaquecas (33%), as gastrites (27%), a obesidade (23%), a hipertensão (19%) e por último os cânceres (2%).

3.17 Já trabalhou com algum tipo de dor?

85% disseram que sim.

3.18 Nos últimos dois meses, vem sentindo dores freqüentes?
Aqui podemos ter melhor idéia de quais são as partes do corpo mais atingidas pela carga de trabalho cotidiana, sendo mais de 60 % das dores concentradas nas costas, cabeça, pernas e pés e as demais em ombros, braços e mãos. Importante frisar que apenas 9% das pessoas não apresentam dores freqüentes no período dos últimos
dois meses. A questão da freqüência indica ser algo que faz parte da rotina destes profissionais o lidar com a dor em uma ou mais partes do corpo, fazendo com que estes busquem formas de aliviá-las através do uso de medicamentos, como já vimos, anteriormente. Entretanto, uma vez que os fatores geradores da dor e do estresse
não são modificados, muitas vezes vemos a busca por diferentes métodos e a intensificação do adoecimento.

3.19 Voz: Nos últimos seis meses, apresentou rouquidão ou ficou sem voz?

49% disseram que sim.

3.20 Qualidade de Vida - Você tem se sentido constantemente esgotado e sob pressão?
Sobre a percepção de esgotamento e do estar sob pressão, temos que 47% notaram um aumento nos momentos em que se sentem desta forma, contra apenas 13% que não sentem nenhum tipo pressão ou esgotamento. Reiteramos que para os demais 40%, elas estão presentes, mas apenas não notam uma alteração em sua freqüência ou intensidade.

3.21 Nos últimos três meses, passou por algum tipo de dificuldade financeira grave?
Cerca de 1/3 dos docentes afirma ter enfrentado algum tipo de dificuldade financeira grave nos últimos 3 meses. Fator que apresenta relação com sofrimento emocional mas que neste cenário não aparece como determinante. O sofrimento mental dos docentes está diretamente relacionado com seu trabalho.

3.22 Vivenciou ou presenciou situação de violência dentro da escola?
Quase um em cada cinco docentes afirmam ter vivenciado ou presenciado situação de violência dentro da escola. Este índice é preocupante pois representa um fator que vem se somar em um processo de desgaste físico e mental, de ruptura de relações no trabalho e de um mal estar do trabalho docente que formam um conjunto complexo. Em um contexto de trabalho que agrava a saúde dos professores, situações de violência
tendem a dificultar ainda mais este quadro.

23 de jul. de 2009

Gripe suína ou gripe midiática?

Tenho dito, neste espaço e também no twitter, por meio do @dsoster, que este gripe não é de verdade. Melhor dizendo: existe porque gera sentidos, portanto realidades, mas não é tão assustadora quanto parece ser ao ponto de não podermos sair de casa por causa dela.

Por que estamos com esta sensação, então?

Basicamente porque presenciamos, por meio dela, um fenômeno típico do século 21, ou seja, a midiatização da sociedade. Trata-se, a midiatização da sociedade, de um momento em que a tecnologia passa a constituir o ambiente em que nos inserimos não mais na condição de apêndice, mas sim como parte integrante dele. Ao fazê-lo, interfere no nosso modo de ser em sociedade, regulando nossas ações e sendo regulado por elas.

Se a sociedade se midiatiza, é natural pensarmos que também os dispositivos comunicacionais (jornais, revistas, televisões, sites etc.), que usualmente são vetores da midiatização, acabem por ser afetados pela processualidade da midiatização, midiatizando-se; complexificando-se. Este movimento se torna mais visível a partir da internet, porque é ela que liga fisicamente um dispositivo a outro, criando, assim, uma rede, que dá forma ao sistema midiático-comunicacional.

Bueno, se admitirmos que as operações do sistema voltam-se, principalmente, para o interior do próprio sistema, em uma perspectiva auto-referencial, - e voltando à tal gripe -, veremos que algo semelhante está ocorrendo neste momento.

Recapitulando: lá pelas tantas, um acontecimento diferenciado irrita (chama atenção e é absorvido) o sistema midiático-comunicacional, neste caso uma gripe que contém elementos dos porcos, das aves e dos homens. Este novo vírus alastra-se rapidamente e acaba por se tornar alvo de manchetes de jornais dos mais diferentes suportes. Ao fazê-lo; ao freqüentar os dispositivos do sistema midiático-comunicacional, acaba por interferir na sociedade; fechando locais públicos, fazendo com que as pessoas usem máscaras, criando vacinas, estados de alerta geral etc.

Escrevo isso ainda pensando na matéria que Zero Hora publicou dias atrás, cujo conteúdo tive acesso por meio de @trasel, no Twitter. O texto dava conta da chegada ao estado de remessa do remédio contra a Gripe A, como está sendo chamada, e era construído a partir de informações do programa Gaúcha Atualidade, do grupo RBS, obtidas a partir de entrevista com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Segundo este, no ano passado, em julho, havia morrido 4,5 mil pessoas de complicações da gripe comum. "E nós estamos, até o momento, com 22 óbitos, infelizmente e lamentavelmente, da nova gripe", dizia o texto.

Ou seja, comparando-se com a gripe comum, esta que padecemos todos os anos, o novo vírus não é nada. No entanto, não é a gripe comum que vai para as manchetes, mas sim a nova. Por quê? Basicamente porque, neste momento, é o que interessa ao sistema midiático-comunciacional em suas operações. O ciclo será interrompido somente quando um novo acontecimento tiver lugar, dando lugar a uma operação semelhante à que estamos presenciando neste momento.

22 de jul. de 2009

É chegada a hora de agradecer

Bueno, eis que as reformas deste sítio, que se iniciou em julho de 2007, finalmente se encerraram. Dito isso, é chegada a hora de algumas explicações sobre o novo formato e dos necessários agradecimentos.

O primeiro obrigado vai para Márcia Lima, aluna da Unisinos e repórter do site Baguete, a quem coube a árdua tarefa de remodelar visualmente o blog. A idéia era fugir do formato-padrão Blogger.

A opção recaiu sobre um layout em três colunas, que funciona mais ou menos da seguinte forma: na primeira coluna, à esquerda, vão os posts do blog, desta vez com a foto/ilustração (quando houver), tamanho médio, centralizada logo abaixo do título (antes era alinhada à esquerda).

Particularmente não gosto deste formato do blog, ou seja, título + foto/ilustração + texto, pois obriga os leitores/navegadores a darem um pulo do título ao texto, para somente então voltarem à foto; ou, ainda, a entrarem pela foto, subirem ao título e descerem ao texto. Mas são contingências dos templates gratuitos que temos de nos adequar, ao menos por hora.

Na coluna do meio vão os assuntos de ordem pessoal (repiques do twitter, seguidores, blogs amigos etc.). Na da direita, os temas de natureza profissional: livros que indico, textos/sites/blogs sobre midiatização (minha área de pesquisa), livros em PDF, sites/blogs úteis etc.

O segundo obrigado vai para Gelson Pereira, também amigo e também aluno, desta vez da Unisc.

Ao Gelson coube o desenho do logotipo/banner, a quem pedi que inserisse, se possível, claro, as três linhas gerais de meu trabalho: ensino, pesquisa e mercado.

Para fugir do óbvio, segundo suas próprias palavras, trabalhou "com um conceito mais genérico de jornalismo, apoiado nas letras que formam um fundo para as mensagens dispostas acima deste". Matou a pau, uma vez mais.

À Márcia e ao Gelson, portanto, meu muito obrigado. É bom demais quando talentos deste porte, tão criativos quanto inquietos e generosos, revelam-se ainda nos bancos escolares. Principalmente quando temos a oportunidade de dividir nossos dias com eles. Valeu!

Site do 22º SET Universitário está disponível


Já estão disponíveis, no site da PUC, as informações necessárias para inscrição de trabalhos da 22ª edição do SET Universitário. Trata-se, o SET, de um concurso muito importante para a moçada que está se graduando ou em vias de, haja vista que, ao reconhecer a produção acadêmica dos alunos, permite que se estabeleça composição de currículo desde os bancos escolares. Quem já teve de procurar emprego ainda na fase de graduação sabe do que eu estou falando.

Segundo o site oficial, o "SET Universitário é um evento que estimula a troca de experiências entre alunos, professores e profissionais das áreas de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Produção Audiovisual, Cinema e Vídeo. Realizado desde 1988 pela Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em duas décadas tornou-se uma referência para estudantes e profissionais".

O tema deste ano é "Qual a cara do público?". Mais informações por aqui.

21 de jul. de 2009

A internet e as metamorfoses do jornalismo


Coube ao professor Gerson Luiz Martins elaborar a resenha A internet e as metamorfoses do jornalismo contemporâneo, sobre o livro Metamorfoses jornalísticas: formas, processos e sistemas (Edunisc, 2007), para a revista editada pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – Intercom, a Bibliocom.

Transcrevo, na íntegra, excerto do texto:

"Metamorfoses jornalísticas: formas, processos e sistemas é uma importante contribuição para compreender as mudanças do jornalismo, da produção jornalística e dos processos de distribuição da informação. Os artigos que compõem o livro foram reunidos de forma perspicaz e oferecem, sob os diversos aspectos abordados, uma boa avaliação das metamorfoses do jornalismo em tempos de internet. É recomendado para todos os professores, pesquisadores, profissionais e estudantes de jornalismo. Importante mencionar que o avanço rápido e denso das tecnologias da informação e da comunicação implicam num novo jornalismo.

A compreensão dessa realidade é um valioso artifício para o desenvolvimento do jornalismo e para que cumpra, de forma eficaz, com o seu papel social. Conhecer, entender e se conscientizar dessas “metamorfoses” é condição essencial para que o processo de produção no jornalismo, o fazer jornalístico, o “ser” jornalista seja eficiente e tenha, por assim dizer, sucesso. Essas “metamorfoses” são desafios constantes. Não como parar, talvez nem mesmo como intervir de forma mais contundente. É uma gigantesca marola que arrasa, no sentido de modificar, com todos os que estão envolvidos no campo jornalístico."

Site do 7º encontro da SBPJor está disponível


A página do 7º Encontro da SBPJor já está disponível. Lá se encontram disponíveis notícias, programação e demais informações sobre o evento. O Congresso será realizado de 25 a 27 de novembro de 2009 na Universidade de São Paulo (USP) e terá como tema “A pesquisa em Jornalismo em um mundo em transformação”.

O objetivo do 7º Encontro da SBPJor é estimular uma reflexão sobre como fenômenos e processos de escala global, que vêm afetando as sociedades no campo da economia, política, cultura, sociedade e tecnologia, induzem a atividade jornalística a rever seus procedimentos e trazem novos desafios às pesquisas desenvolvidas na área.

O número de trabalhos aprovados tem crescido a cada Encontro. No primeiro foram 60, em 2008, 152, e, para este ano, espera-se que seja superada a marca de 170 textos submetidos para avaliação, considerando que o evento acontecerá em uma instituição de tradição em pesquisa e pós-graduação e na Região Sudeste, que retém grande número de estudantes de pós-graduação e grupos de pesquisa.

As informações são do site da SBPJor.

Twitter é utilizado por 74% dos internautas

Newsletter do site Comunique-se chama atenção para matéria importante veiculada no site: O MSN é utilizado por 74% dos internautas residenciais ativos no Brasil. Os dados são do Ibope/NetRatings ainda do ano passado. Isso representa um total aproximado de 17,1 milhões de pessoas por mês. Segue o texto: "Embora tenha se popularizado como lazer, a ferramenta também já serve ao trabalho. No meio jornalístico, virou um canal para buscar informações, localizar cases e facilitar a comunicação entre equipes". Confique o restante da matéria por aqui. O texto é assinado por Clarisse Passos e Svendla Chaves

20 de jul. de 2009

Abertas inscrições para o SET Universitário

Notícia do Coletiva.net:

"Estão abertas até 31 de agosto as inscrições para a Mostra Competitiva do 22º SET Universitário, evento promovido pela Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUC. Alunos de cursos superiores de Comunicação e de Cinema e Audiovisual podem participar com trabalhos realizados em atividades curriculares nos semestres de 2008/2 e 2009/1. O regulamento e a ficha de inscrição estão disponíveis no site www.pucrs.br/famecos.

O concurso premia os alunos autores dos melhores trabalhos desenvolvidos em atividades acadêmicas e os professores orientadores. As categorias da Mostra são (a) Jornalismo, com 24 subcategorias, (b) Publicidade e Propaganda, com 11 subcategorias, (c) Relações Públicas, com 12 subcategorias, e (d) Cinema e Audiovisual, com cinco subcategorias.

Todos os trabalhos devem ser acompanhados da ficha de inscrição disponível no site, completamente preenchida. Para as peças da categoria Publicidade, é necessário apresentar um briefing de no máximo 15 linhas, conforme detalhamento constante no regulamento. Os filmes da categoria Cinema e Audiovisual precisam de ficha técnica, conforme o modelo disponível no link de inscrições. Os trabalhos podem ser entregues pessoalmente na Famecos ou postados no correio até 31 de agosto.

Desde 1988, o câmpus central da universidade, em Porto Alegre, recebe estudantes provenientes de diversos municípios gaúchos, estados, países do Cone Sul e de Portugal que têm a oportunidade de trocar experiências com professores, pesquisadores e profissionais que atuam fora da academia. Todos buscam sintonia com as tendências da área, além de aprofundar as possibilidades de reflexão e de experimentação. A cada edição, ocorrem palestras, oficinas e a Mostra Competitiva. Em duas décadas, tornou-se uma referência para estudantes e profissionais de todo o país. Em 2009, o SET ocorrerá de 28 a 30 de setembro".

Parecer considera inconstitucional TV Digital

Do site do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que por sua vez pegou a matéria da Redação Convergência Digital,com reportagem Luis Oswaldo Grossman, Ana Paula Lobo e Cristina De Luca:

"A Procuradoria Geral da República considerou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pelo PSOL contra o Decreto 5.820/2006, que instituiu o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). O parecer, assinado pelo ex-procurador geral Antonio Fernando de Souza e publicada no último dia 19 de junho, coloca novamente em questão a legalidade do dispositivo. O parecer da Procuradoria foi solicitado pelo relator da Adin no Supremo Tribunal Federal, ministro Carlos Ayres Britto, que deve definir seu voto até aproximadamente o mês de agosto. A decisão final sobre a ação caberá ao plenário do STF.

A justificativa da Adin, solicitada pelo PSOL, corroborada pela Procuradoria Geral da República, é a de que o SBTVD não se trata de uma simples atualização de tecnologia de transmissão de TV. O espaço de 6 MHz ocupado para transmitir uma única programação no sinal analógico pode ser usado para transmitir de quatro a oito vezes mais conteúdo no sistema digital. A digitalização, portanto, rompe com o paradigma atual da radiodifusão e cria novas possibilidades de comunicação para as empresas concessionárias, de modo a superar a abrangência de suas atuais outorgas.

No parecer, a PGR considera que a transmissão em sinal digital teria de ser considerada como um serviço diverso da transmissão analógica, para o qual seria necessário nova outorga de concessão de canais. Estes novos processos, portanto, estariam sob a competência do Poder Legislativo, responsável pelas concessões e renovações de outorgas.

A Procuradoria Geral da República faz observações ainda sobre vários pontos. Entre eles que a multiprogramação, objeto de desejo das emissoras comerciais - a ABRA está na justiça solicitando o direito de uso, hoje, concedido apenas às emissoras públicas, reforçaria o cenário de oligopolização do setor. O Convergência Digital disponibiliza a íntegra do parecer da PGR".

Veja a íntegra do parecer da PGR, favorável à inconstitucionalidade da Lei. (PDF - 370 KB)

Reconfigurações jornalísticas via twitter


Reproduzo, por relevante, trecho do post que meu Amigo Fernando Firmino veiculou ontem, domingo, em seu blog, o Jornalismo Móvel. Tem a ver com reconfigurações, desta vez a partir do Twitter:

"O jornalismo passa por diversas discussões na atualidade no âmbito do seu modelo de negócios, da relação com a audiência, das grades curriculares dos cursos, da formação profissional. O background desta discussão decorre da emergência das tecnologias digitais, do processo de convergência e da comunicação móvel. Alguns visualizam como uma crise, outros como novas oportunidades. O importante a observar é que, de fato, há mudanças significativas na prática jornalística associadas a fenômenos emergentes impactando o modo de fazer, o modo de consumir e o modo de compartilhar notícias (nos seus diversos formatos). Qualquer que seja o ângulo identificaremos tensões no campo do jornalismo e na indústria do entretenimento.

Os microblogs, essencialmente o Twitter, têm sido um dos desencadeadores destas reconfigurações. Como o jornalismo está se adaptando e explorando estas potencialidades? Como fica a relação com a fonte quando esta lança primeiro no Twitter as informações exclusivas? É perceptível a adoção rápida desta ferramenta nos mais diversos segmentos (políticos, artistas, acadêmicos, esportistas, mídia....) e isto transforma as relações não somente entre o público, mas também com a mídia. Técnicos e dirigentes de times de futebol anunciam as informações de impacto dos seus clubes no Twitter; políticos disparam no microblog as notícias parlamentares e de votações relevantes; os usuários divulgam suas críticas positivas ou negativas de filmes e outros serviços no Twitter. Enfim, há uma infinidade de usos que transforma esta ferramenta numa poderosa rede social (e móvel) que faz circular instantaneamente um conjunto de dados que abre possibilidades de utilização inimaginável para o jornalismo, para as empresas e para os usuários. (...)"

O post completo você acessa por aqui.

18 de jul. de 2009

Nova Estudos em Jornalismo está on-line

O Volume VI, número 1, da Revista Estudos em Jornalismo e Mídia, do Mestrado em Jornalismo da UFSC, tem como núcleo temático as fronteiras entre Jornalismo e Literatura. O novo número da revista, editado pela professora Daisi Vogel, já está disponível no Portal de Periódicos da UFSC. Desde 2008, a revista circula exclusivamente online. Ao mesmo tempo, a editora lança a chamada de artigos para o segundo número de 2009, que terá como tema "Teoria: rumos, tensões e desafios".

Fronteiras com a Literatura

Apresentação

Apresentação e sumário
Daisi Vogel

Núcleo Temático
Do folhetim à crônica: gêneros fronteiriços entre o livro e o jornal
Jeana Laura da Cunha Santos (pp.11-22)

As metáforas nas crônicas jornalísticas de Cony e Veríssimo
Regina Rossetti (pp.23-33)

Elementos do esperpento na crônica policial espanhola
Luiz Peres Neto (pp.35-52)

As Faces de Hécate: formas narrativas na produção do acontecimento
Sonia Mara de Meneses Silva (pp.53-69)

Jornalismo Literário: a realidade de forma autoral e humanizada
Monica Martinez (pp. 71-83)

Autoria e humanização em Neide Duarte
Jorge Kanehide Ijuim, Moema Guedes Urquiza (pp.85-97)

A (im)pertinência da denominação “jornalismo literário”
Vitor Necchi (pp.99-109)

Jornalismo literário e representações imersivas de ciência
Mateus Yuri Passos, Indira Clara Passos (pp.111-126)

Gêneros do Jornalismo e técnicas de entrevista
Pedro Celso Campos (pp.127-141)

Temas Livres
Os jornalistas como “comunidade interpretativa transnacional”
Cristina Ponte (pp.143-159)

O jornalismo e as mediações: construção conceitual em sala de aula
Sabrina Moreira de Morais Oliveira (pp.161-173)

Webjornalismo participativo como estratégia de legitimação
Eugenia Mariano Barichello, Luciana Menezes Carvalho (pp.175-186)

Infografia on-line: narrativa intermídia
Raquel Longhi (pp.187-196)

Spectacular! Spectacular!: o design enquanto infoentretenimento
Virginia Pereira Cavalcanti, Patrícia Amorim (pp.197-211)

Deslocamentos no “olhar”: sobre comunicação e cultura
Rosangela Ferreira de Carvalho Borges, Wellington Teixeira Lisboa (pp.213-225)

Resenhas
Jornalismo: Uma literatura sob pressão
Vaniucha de Moraes (pp. 227-229)

Revista Estudos em Jornalismo e Mídia, ISSN 1984-6924, Florianópolis, Brasil.

15 de jul. de 2009

Prêmio Vladimir Herzog de jornalismo

Do site do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo:

"Estão abertas as inscrições do XXXI Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, instituído em 1979 pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, preso pela ditadura militar, torturado e morto nas dependências do DOI-Codi, em São Paulo, no dia 25 de outubro de 1975. As inscrições para o Prêmio vão até 3/9 (ou 21/7 para livros-reportagem) e a entrega será no Tuca (Teatro da Pontifícia Universidade Católica), dia 26/10.

Este ano haverá a inclusão de uma categoria especial, abordando assunto relacionado com a violação dos direitos humanos intangíveis, cujo tema será Analfabetismo Funcional. O Prêmio para os estudantes passa a ser chamado de Fernando Pacheco Jordão e será lançado oficialmente em agosto, depois da volta às aulas".

Confira o regulamento completo por aqui.

Sobre pais, filhos & professores

14 de jul. de 2009

Eco abre Pentálogo inaugural em Alagoas

Estão abertas as inscrições para o evento Transformações da Midiatização Presidencial: Corpos, Relatos, Negociações, Resistências, a ser realizado de 28 de setembro a 2 de outubro, no Hotel Bittingui, em Japaratinga (Alagoas). A atividade marca o início dos trabalhos do Centro Internacional de Semiótica e Comunicação – Ciseco, no Brasil.

Segundo seus organizadores, trata-se de uma reunião científica designada como Pentálogo, que durante cinco dias reunirá especialistas internacionais de vários centros de pesquisas. O evento deverá reunir pesquisadores, docentes e intelectuais brasileiros e internacionais, com diferentes inserções em universidades da França, Argentina, Itália, Chile, Colômbia, Estados Unidos, México, Venezuela, Bolívia e Brasil.

A abertura ocorrerá dia 28, com apresentação do Ciseco por Antonio Fausto Neto, Geraldo Nunes e Eliseo Verón. Já o Pentálogo será apresentado por Antonio Fausto Neto, Jean Mouchon e Eliseo Verón. A sessão de abertura será com Umberto Eco, da Università di Bologna, Italia.

Mais informações sobre o Pentálogo inaugural podem ser obtidas por aqui.

13 de jul. de 2009

SBPJor abre chamada para VII Encontro Nacional

Recebo de Marcia Benetti, Diretora Científica da SBPJor, chamada para o VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornal. Abaixo, as normas:

Tema: “A pesquisa em jornalismo em um mundo em transformação”
Onde: São Paulo, 25 a 27 de novembro de 2009
Promoção: SBPJor (Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo)
Realização: USP (Universidade de São Paulo)

1. Modalidades de apresentação:
Os trabalhos poderão ser encaminhados na forma de Comunicações Livres ou Comunicações Coordenadas.

2. Comunicações Livres:
O autor deve encaminhar o texto completo, que deve conter de 20 mil a 35 mil caracteres (com espaço), já inclusas as referências bibliográficas e notas de rodapé. São obrigatórios os seguintes itens: título, resumo de até 10 linhas, 5 palavras-chave, resumo do currículo do autor em até 3 linhas (incluindo sua vinculação institucional). O texto deve ser redigido em fonte Times New Roman , corpo 12, entrelinhamento 1,5. Citações recuadas devem ser redigidas em corpo 10, espaço simples.

O autor deve redigir seu texto utilizando o modelo elaborado para o encontro. O modelo está disponível para download na página de inscrições.

O tamanho total do arquivo não deve exceder 2 Mb (dois megabytes).

3. Comunicações Coordenadas:
As Comunicações Coordenadas poderão ser propostas por associados plenos (doutores) da SBPJor. Cada Coordenada deve ter de quatro a seis trabalhos, com autores de pelo menos três diferentes instituições. O proponente deverá ser um dos autores. São obrigatórios os seguintes itens: título da Comunicação Coordenada, ementa que sintetize e justifique a proposta da Comunicação Coordenada (10 a 15 linhas), 5 palavras-chave. Todos os textos que compõem a Comunicação Coordenada deverão ser encaminhados completos, seguindo as mesmas regras estabelecidas para as Comunicações Livres no item 2 (incluindo resumo, palavras-chave e currículo resumido do autor).

4. Prazo e forma de encaminhamento:
Os trabalhos serão recebidos de 01 de julho a 03 de agosto de 2009, através da página http://www.sbpjor.org.br/artigos2009/. Não haverá prorrogação de prazo. Não é necessário pagar inscrição para submeter trabalhos.

5. Seleção:
As Comunicações Livres que estiverem adequadas às regras estabelecidas no item 2 serão avaliadas em seu mérito científico por pelo menos dois pareceristas indicados pela Diretoria Científica entre os associados plenos (doutores) da SBPJor. Serão consideradas aprovadas as comunicações que receberem dois pareceres favoráveis. Casos de empate serão decididos por um terceiro parecerista ou, na falta de tempo hábil, pela diretora científica. Trabalhos que estiverem fora do tamanho e/ou não cumprirem os itens obrigatórios não serão submetidos a avaliação.

As Comunicações Coordenadas que estiverem adequadas às regras estabelecidas nos itens 2 e 3 serão avaliadas em seu mérito científico por pelo menos dois membros do Conselho Científico da SBPJor ou da Diretoria Executiva da entidade. Serão aprovadas as comunicações que receberem dois pareceres favoráveis. Casos de empate serão decididos por um terceiro membro do Conselho Científico ou, na falta de tempo hábil, pela diretora científica. A proposta de Coordenada poderá ser aprovada no todo ou em parte, havendo possibilidade de recusa individual. Se os trabalhos não forem aprovados como Coordenada, mas o forem individualmente, serão automaticamente distribuídos entre as Comunicações Livres.

Todos os trabalhos serão enviados aos avaliadores sem identificação de autoria, gerando “pareceres cegos”.

6. Critérios de avaliação:
O trabalho será avaliado sob os seguintes critérios gerais: pertinência ao campo da pesquisa em jornalismo, relevância científica, explicitação do problema ou objetivo, adequação e atualização da bibliografia, qualidade da reflexão teórica, explicitação e consistência da metodologia (quando pertinente), domínio da linguagem científica, adequação do título e das palavras-chave ao objeto de estudo.

7. Observações:
7.1. Os trabalhos necessariamente devem ser inéditos. Por inéditos, compreendem-se textos que não foram publicados ou divulgados em qualquer tipo de suporte, nem apresentados em outros congressos científicos. O autor que descumprir esta regra, e por ventura tiver seu trabalho selecionado e incluído nos anais do VII Encontro, ficará automaticamente impedido de apresentar trabalho no VIII Encontro da SBPJor.

7.2. Cada autor só pode submeter um trabalho, em autoria única ou co-autoria. Não é permitido ao mesmo autor participar simultaneamente de uma Comunicação Coordenada e de uma Comunicação Livre, mesmo em co-autoria.

7.3. Trabalhos de graduandos só serão aceitos em regime de co-autoria com graduados.

8. Resultados:
Os resultados da seleção serão comunicados aos autores das Comunicações Livres e aos proponentes das Comunicações Coordenadas até 25 de setembro de 2009. Os trabalhos serão aprovados ou recusados, não havendo aceite condicionado a reformulações.

9. Inclusão nos anais:
Só será incluído nos anais o trabalho do autor que efetivar sua inscrição no congresso até o dia 15 de outubro de 2009.

12 de jul. de 2009

A confiança política nas notícias

Texto publicado na coluna do ombudsman da Folha de São Paulo de hoje, domingo, sobre credibilidade jornalística. Transcrevo na íntegra, para quem não tem acesso:

"Está disponível na internet apenas em inglês mais uma boa pesquisa sobre o estado do jornalismo, do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, na Universidade de Oxford, Inglaterra. 'A Confiança Pública nas Notícias' se define como 'um estudo construtivista da vida social das notícias'. Os autores concluem que a confiança nos meios de comunicação vai além da óbvia e fundamental questão da veracidade dos fatos por eles relatados.

O crédito do público diminui na medida em que o consumidor percebe que ele e o veículo não compartilham as mesmas expectativas. O descrédito também decorre de razões oblíquas, não apenas da simples credibilidade. Isso talvez ajude a explicar por que alguns meios de comunicação, como a revista "The New Republic" ou o jornal "The New York Times" não perderam o respeito nem a leitura da maioria absoluta de seus leitores após constrangedores episódios de falsificações de matérias. Claro que ser veraz é vital. Mas dividir com a audiência visões de mundo semelhantes também pode ser".

A pesquisa chama-se, em inglês, Challenges Public Trust in the News, e é de autoria de Stephen Coleman, Scott Anthony e David E. Morrison, do Reuters Institute for the Study of Journalism.

Laowai

Sugestão de leitura: Laowai, da repórter e Sônia Bridi e do fotógrafo Paulo Zero (Letras Brasileiras, 2008). Trata-se de uma espécie de diário de viagem que a dupla fez durante o tempo em que morou na China, entre 2005 e 2006. Digo diário porque o texto é extremamente minucioso na descrição de cada um dos minutos que eles passaram por aqueles lados com Pedro, o filho de, à época, 3 anos, o que torna a narrativa por vezes cansativa, ainda que interessante. Mas a edição, de Jakzam Kaiser, é primorosa e isso ajuda um bocado.

Entre os tantos detalhes, a epopéia que foi montar o primeiro, digamos assim, posto avançado da Globo por aqueles lados. Há informações impagáveis, e que usualmente não freqüêntam nosso imaginário, como, por exemplo, o que significa uma prosaica ida ao banco, ou, ainda, a simples feitura de uma matéria em um país onde tudo é proibido e onde os custos nem sempre são, digamos assim, legais. Leiam. Penso que vale a pena como leitura de férias. Em tempo: Laowai é um tratamento informal que o povo de lá dispensa aos estrageiros. Lao é velho; wai, de fora.

A ficha técnica:
Autor(es): Sônia Bridi e Paulo Zero
Editora: Letras Brasileiras
ISBN: 8588844753
Número de páginas: 384 pág.
Custo (médio): 39,00

10 de jul. de 2009

Diagramação de revistas influencia jornais?

Ainda na séria das monografias que orientei neste semestre, e já tendo falado da Letícia Mendes Pacheco, comento agora a de Gelson Santos Pereira, intitulada A Utilização de recursos gráfico-editoriais de revistas por jornais impressos diários: o caso da cobertura das Olimpíadas de Pequim pelo jornal Zero Hora.

Gelson, um aluno brilhante da Unisc, parte do princípio de que os jornais impressos acabam por tomar para si elementos de natureza gráfico-imagética que são próprios das revistas como forma de salientar sua identidade. A pesquisa ganha particular relevância à medida que observa, em sua gênese, um movimento que é próprio da sociedade midiatizada; ou seja, a reconfiguração de seus dispositivos midiáticos-comunicacionais em um ambiente de profunda imersão tecnológica da sociedade.

Grande semestre, este; grande semestre.

Sobre o futuro do jornalismo, das escolas e dos jornais

Repico na íntegra, por relevante, post do amigo e colega Rogério Christofoletti, do Monitorando. Tem a ver com formação jornalística. O post:

"O professor Larry Atkins, da universidades Temple e Arcadia, publicou ontem um artigo no Knight Digital Media Center com um sugestivo título: Não deixemos de lado as escolas de Jornalismo só porque os jornais estão em crise.

Atkins cita casos como o da Columbia University, que não vem sofrendo com o declínio dos jornais impressos e vem sim atraindo cada vez mais estudantes na sua escola de Jornalismo. “Mas como as escolas e os departamentos de Jornalismo estão acomodando este interesse às realidades em mudança da profissão?”, questiona Atkins. As respostas dadas pelas escolas têm vindo na forma de revisões curriculares, aumento na exigência de trabalhos nas disciplinas, e incentivo ao desenvolvimento de ações empreendedoras.

De acordo com algumas fontes do autor, mais oficinas práticas também estão sendo oferecidas pelos cursos, numa clara tentativa de simular situações reais da profissão. Eventos fora das universidades também têm sido “cobertos” pelos alunos, seguindo a mesma tendência. (O que me parece óbvio, e o que já se vem fazendo em muitas escolas de Jornalismo que conheço no Brasil)

O ensino com base em mídias sociais é também apontada pelo professor Atkins como uma tendência emergente forte nos cursos de Jornalismo norte-americanos.

Mas o que me chamou a atenção é o fato de professores e gestores olharem para fora de seus instituições, muito preocupados com a sobrevivência de seus cursos. Nos Estados Unidos, a queda nas tiragens dos jornais, a migração maciça de verbas publicitárias para outros meios e o vaticínio de que a imprensa está mesmo morrendo são fatores bem fortes que vêm abalando a confiança de quem produz jornalismo, de quem ensina e até de quem consome.

Por aqui, não temos essa crise ainda. Mas o fim da obrigatoriedade do diploma para exercer o jornalismo deve precipitar nas escolas preocupações semelhantes, e a busca de diferenciais de formação. Esta história está apenas começando… vamos acompanhar…"

Sobre o tema "crise nos jornais", recomendo a leitura do livro O Destino do Jornal: a Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de S.Paulo na sociedade da informação, de Lourival Sant'Anna (Record, 2008).

Biografia como jornalismo diversional

Aos poucos também quero ir comentando algumas das monografias que tive o privilégio de orientar neste semestre, a começar pela de Letícia Mendes Pacheco, intitulada As singularidades de O Mago: a biografia como mais uma possibilidade do jornalismo no âmbito diversional. Letícia é formanda da Unisc. Trata-se de observar, como o nome sugere, se as biografias podem vir a ser consideradas jornalismo e, caso o possam, em que gênero elas se enquadram. A saída metodológica foi analisar a questão a partir dos conceitos de singular, universal e particular utilizados por Adelmo Genro Filho para explicar o jornalismo. Já o recorte foi feito sobre a biografia de Paulo Coelho, realizada por Fernando Moraes. Trabalho de fôlego acadêmico. Confiram.

Flagelos e Horizontes no mundo em rede II

Comentei ontem, neste espaço, o capítulo de Francisco Rüdiger no livro Flagelo e Horizontes do Mundo em Rede (Sulina, 2009). É chegada a hora de falar sobre o trecho de Lúcia Santaella (Pós-humano, um conceito polissêmico. pp 101-118).

O texto de Santaella realiza uma espécie de roteiro, quase uma genealogia, da expressão pós-humano, cujo nascimento se verifica pelos 60 e cuja explosão de uso se dá pelos 80, 90. O curioso é que o termo nasce da crítica literária, mas ganha amplitude e forma na cultura pop. Em Lyotard - A condição pós-moderna, de 1979 - a ênfase se encontra nas narrativas, nos jogos de linguagem. Antes dele, Habermas havia abordado o assunto, mas sua análise estava centrada nas questões de autoridade e consenso. Depois destes, observa Santaella, houve uma miríade de vozes discorrendo a respeito do conceito. O curioso é que ela não cita David Harvey, tão em moda por aqueles dias.

Sataella segue sua discussão, entre outros, observando o surgimento do conceito de cyborg, que, segundo, ela, não teria sido inventado por Donna Haraway em 1985 - Manifesto ciborg: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX -, mas sim resultante da união dos termos cyb (bernetic) + org (anismo) por Clynes e Natan Kline, em 1960. Isso a partir de experimentos realizados com ratos, que recebiam em seus corpos doses controladas de substâncias químicas. Uma vertente biológica.

Ou seja, ao longo do capítulo vamos observando, por meio do mapeamento de Santaella, que o pós-humano se refere à pluralidade das dimensões que o ser-se humano adquire principalmente por meio das transformações tecnológicas que se observam em seu entorno, e que naturalmenre interferem em sua vida. Ambiente este que exige um repensar da condição humana. A conclusão? "(...) o pós-humano tem se ser pensado como uma realidade híbrida não apenas do humano com as tecnologias, mas também o humano com o inorgânico da natureza. Em suma, um ser miscigenado e hipercomplexo está emergindo".

O que tudo isso tem a ver com jornalismo? Nada. Quem disse que teria? Assim que tiver lido mais volto a tecer novos comentários.

9 de jul. de 2009

Flagelos e Horizontes no mundo em rede

Nessa correria maluca de final de semestre não está sendo possível atualizar o blog com a freqüência que eu gostaria, muito menos sugerir leituras. De qualquer sorte, aí vai uma sugestão que chegou esta semana, gentileza da Editora Sulina. Chama-se Flagelos e Horizontes do Mundo em Rede: Política, Estética e Pensamento à Sombra do Pós-humano, organizado por Eugênio Trivinho. Até este momento li apenas o texto de Francisco Rüdiger - Notas sobre o pós-humanismo -, mais Introdução e Apresentação, sob responsabilidade do organizador.

Trata-se, o texto de Rüdiger, de uma leitura que me interessa particularmente, à medida que observa a relação homem/técnica para além do uso dos instrumentos e suas complexificações. O olhar segue voltado à cibercultura, nos moldes de seu Introdução às teorias da cibercultura (Sulina, 2003), mas resgata autores como Benjamin, Nietzche, e, claro, Heidegger, na tentativa de demonstrar que a parcepção do momento que vivemos hoje, onde se localizaria o homem para além do homem (pós-homem) devido à imersão tecnológica da sociedade, vem sendo discutido desde há muito por este autores.

E o mais interessante: à medida que nos confundimos com nossas máquinas, estamos proclamando nosso próprio suicídio enquanto seres que se percebem (self). Percepção, aliás, que existe desde há bem pouco tempo, mais precisamente desde os gregos e, mais tarde, os romanos. Assim que tiver lido mais volto a comentar com vocês.

A fica técnica do livro:

ISBN: 978-85-205-0518-2
Autor: Eugênio Trivinho (org.)
Área: Cibercultura
Edição: 1ª - 2009
Nº de Pag.: 230
Preço: R$ 39,00

3 de jul. de 2009

Semestre se encerra com pizza em Santa Cruz também

Já o registro ao lado foi feito na quinta-feira à noite, e diz respeito ao encerramento das atividades, neste semestre, da Agência Experimental de Jornalismo da Unisc, que coordeno. Qual o cardápio? Pizza, claro; daquelas enormes. A moçada aí da foto, e os que não foram ao festejo, realizado na casa da Vanessa Kannenberg (de calça branca), está bombando neste semestre. Então, nada melhor que comemorarmos juntos. Azar de meu regime.

Os merecidos créditos: na fila de trás, Fábio Goulart, eu, Luana Rodrigues e Raisa Machado. Naquela pose esquisita, Géferson (com gê mesmo) Kern; Ana Cláudia Schuh; Vanessa Kannenberg e Bruna Mattos. O sujeito estranho que está sentado com aquela cara de quem comeu 22 fatias de pizza (na verdade foram 24) é o Luis Eduardo, nosso Emo. Galera nota dez. Em tempo: a foto foi "tirada" pela Carine, namorada do Fábio, cujo sobrenome não lembro mas que é muito legal.

Grande abraço a todos.

Final de semestre com pizza em São Leopoldo

O registro aí do lado foi feito na quarta-feira desta semana, em uma pizzeria de São Leopoldo, com a moçada da disciplina de Planejamento Gráfico I da Unisinos, onde também leciono. Por quê? Para comemorarmos o final das aulas. Foi um semestre muito bom, agradável e, sobretudo, produtivo. A foto foi feita com uma compacta, modo automático.

Quem é quem: à esquerda, Thaís Seibt, monitora da disciplina; Ana Luiza Trindade de Melo, Vanessa Botega de Oliveira. No lado oposto da mesa, eu, Moisés Hensel e Camila Mayuri.

Grande abraço desde já repleto de saudades a todos.

Logros e logrados

O texto aí debaixo é de Juremir Machado da Silva, colunista do Correio do Povo, professor e pesquisador pelo PUC de Porto Alegre. Leiam. É importante:

"O meu espírito é anarquista por natureza. Por mim, no extremo, fazendo caricatura, só profissões capazes de realmente colocar em risco a vida de um a pessoa, como medicina, deveriam exigir um diploma universitário específico. Mas isso é um sofisma bem ao gosto do raciocínio de mesa de bar. Conversa fiada. Universidade é cultura, experiência de vida, leitura, reflexão, espaço de discussão, descoberta do mundo, construção de imaginário. Faz o cérebro funcionar. Quando eu ouço um jornalista dizer que passou quatro anos na faculdade e não aprendeu nada, sou categórico: o problema não é da faculdade. Por pior que ela seja. É do cara que diz uma asneira dessas. Só tem duas explicações: ele é burro ou é burro. Ou é burro intelectualmente, incapaz de aprender, ou é burro emocional, cego para as oportunidades.

Claro, o sujeito pode ser gênio. Jamais conheci um. Nem Jean Baudrillard, Jean-François Lyotard e Jacques Derrida, com quem aprendi muito e achava assombrosamente inteligentes. Nem, para ficar em vivos universalmente conhecidos, Umberto Eco e Edgar Morin. Tenho encontrado muitas pessoas inteligentes. Todas dizem que aprenderam bastante na universidade e souberam continuar aprendendo por conta própria. Eu não tenho complexos. Estou bem satisfeito com a minha inteligência. Aprendi muito na Faculdade de Comunicação e História da PUC. Aprendi muito no curso de Antropologia da Ufrgs (terminou mal). Aprendi muito na Aliança Francesa em Paris, no Instituto Goethe, em Berlim (já esqueci), na Sorbonne, com Michel Maffesoli, no Colégio da França, onde segui as aulas de Pierre Bourdieu e Umberto Eco, na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, com Derrida e Castoriadis.

Aprendi muito nesses lugares. Mas meus primeiros e decisivos aprendizados foram na Famecos, onde hoje me orgulho de ser professor. Aprendi e vi meus colegas aprenderem. Entramos todos meio toscos e saímos, em geral, muito melhores. Nas humanidades, onde se insere o jornalismo, o fundamental é o espaço de efervescência. Nada mais patético, quase sempre, do que ler opiniões sobre educação e ciência de jornalistas que desprezam a academia. São opiniões positivistas, anacrônicas, retrógradas, pré-Eistein (ia dizer pré-Popper, mas isso os obrigaria a uma corrida para o Google), baseadas num 'conteudismo' primário do tipo saber na ponta da língua a capital do Casaquistão ou se lembrar do valor do pi.

Cursos de jornalismo em empresas muitas vezes descambam para isso. Em Porto Alegre, já se teve cursos de empresa com o pessoal de uma entidade ultraconservadora europeia. Os guris não ficavam melhores como jornalistas, mas se tornavam reacionários e vestiam para sempre a camiseta dos patrões. Uma boa faculdade de Jornalismo deve ensinar a fazer o jornalismo global provinciano. Mas, acima de tudo, deve criar condições para se discutir esse jornalismo rasteiro e arrogante. Enfim, graças à Famecos, eu descobri um mundo novo de teoria, prática e autores. E reaprendi a escrever. Vai ver que, para um idiota como eu, uma faculdade faz bem".

2 de jul. de 2009

Novo Unicom está na gráfica

Já está na gráfica - deve ficar pronto esta semana, mais tardar na próxima - o segundo Unicom do semestre, jornal-laboratório produzido durante a disciplina de Produção em Mídia Impressa da Unisc, onde também leciono. O jornal, repleto de boas reportagens, está todo bonito já a partir da capa. Confira a versão em PDF por aqui. Uma vez mais a presença do aluno e amigo Gelson Pereira mostrou-se decisiva para o jornal.

Os merecidos créditos: Bruna Wolff de Matos (Editora),Francine Rabuske (Sub-edição),
Heloisa Poll (Produção). Na reportagem, Alyne Guimarães Motta, Ana Flávia Hantt, Bruna Wolff de Matos, Daniele Horta, Débora Kist, Fernanda Zieppe, Francine Rabuske, Gabriela Brands, Heloisa Poll, Larissa Griguc, Luana Backes, Márcia Müller, Natália Bracht Löff, Patrícia de Azevedo, Urgel Souza. A revisão ficou por conta de
Francine Rabuske, Heloisa Poll e a diagramação foi de Alyne Guimarães Motta e Gelson Pereira. Ilustrações de Amanda Mendonça e logotipo de Samuel Heidemann.

Meus parabéns a todos. A primeira edição do semestre pode ser conferida por meio do Blog do Unicom.